Depois de um ano em que as atividades ligadas aos setores de eventos e turismo sofreram forte retração por conta da pandemia, 2021 traz esperança para começar a deixar esse cenário no passado. É cedo, no entanto, para falar em recuperação já neste ano. Principalmente pelos desdobramentos que ainda serão causados pelo surto da covid, especialmente no primeiro trimestre. "Só vamos chegar a patamares pré-pandemia em 2022, e ainda aplicando alguns protocolos de segurança", projeta Gilberto Durante, primeiro vice-presidente do CIC-BG para assuntos de Prestação de Serviços e diretor da 30ª ExpoBento.
Nas várias ramificações do turismo, o segmento tem encontrado bolhas de reabilitação. Uma delas é no lazer, que tem conseguido movimentar a gastronomia e o entretenimento, além das compras. Já em outro pilar da área, a hospedagem, o diagnóstico é diferente. "As taxas de ocupação, segundo as entidades que representam o setor, estão ainda muito baixas", diz Durante. As perdas nessa área, por conta do fechamento de atrativos turísticos, estão relacionadas também à falta de eventos corporativos, que se transformaram em encontros online, e de negócios, paralisados por conta do distanciamento social. É nesse último que pode estar uma das boias para a área de hospedagem.
Durante diz que o turismo de eventos está preparado para a retomada, inclusive com protocolos de segurança já testados e o exemplo bem-sucedido das (poucas) feiras ocorridas ano passado, caso da Mercopar, em Caxias do Sul, e da Feira Internacional de Turismo (Festuris), em Gramado. "Isso, e a necessidade de movimentar todas as empresas e profissionais do setor, são indícios de que é possível a retomada neste momento. As companhias aéreas, os meios de transporte turísticos e de hospedagem, os centros de convenções e todos os profissionais envolvidos nesta enorme cadeia de valor estão preparados para trabalhar e prover toda a segurança aos participantes dos eventos", assegura Durante.
Para ele, a pandemia trouxe uma realidade que tende a modificar o formato dos eventos. O diretor da 30ª ExpoBento acredita que eventos online e híbridos ocuparão um espaço de forma natural. "Surgiram formatos novos e eles chegaram para ficar", prevê.
Ainda que a realidade de 2021 seja mais a de reproduzir eventos que precisaram ser engavetados em 2020, Durante diz que o trabalho de buscar novas programações é muito importante, pois quando a retomada acontecer, essa aposta trará resultados. "As cidades e os equipamentos que trabalharam prospecção, captação e fomentação de eventos colherão resultados importantes para garantir a recuperação das perdas de 2020 e parte de 2021. Composição e preenchimento de calendário de 2022, 2023, e anos subsequentes, devem ser trabalhados imediatamente. Se necessitamos do governo para realizar eventos, não precisamos dele para prospecta-los. O momento é requer a metodologia "hands on", ou seja, mãos na massa", comenta.
Gilberto Durante é sócio proprietário da DSC Consultoria em Serviços Turísticos desde 2011. Na iniciativa privada, foi gerente operacional e gerente geral da Rede de Hotéis Dall Onder por 14 anos, entre outras ocupações anteriores. Entre os anos de 2013 e 2017 foi Secretário Municipal de Turismo em Bento Gonçalves. Na ExpoBento, foi Diretor Industrial na edição de 2019. Na Fenavinho, foi vice-presidente área de serviços da 15° edição da festa, em 2011. Também presidiu o Bento Convention Bureau de 2009 a 2012.